.: Poema "in Memorian" São Luiz do Paraitinga / Foto:Alessandro Martim

EXPOSIÇÃO - " TUDO NO SEU DEVIDO LUGAR + OU - "

CRÍTICA POR BETA NUNES (CRÍTICA DO ESTIVAL)

O artista contemporâneo concentra-se cada vez mais nas relações sociais que sua obra de arte pode estabelecer. Tanto no campo ideológico como no prático-formal a arte se configura na esfera das relações humanas. Assim as festas, as reuniões, os locais de convívio, as diversas manifestações intersubjetivas se tornam formas artísticas que podem e devem ser consideradas objetos estéticos. O Estival legitimou, mesmo clandestinamente, essa prática em que os elementos formalizados são intermediários entre as pessoas e o mundo.

Por estranho que pareça, as linguagens que mais se aproximaram desse projeto da arte atual no Estival foram as artes plásticas aliadas à poesia, especificamente a exposição [“Tudo no seu devido lugar + ou –”] de Fernando Selmer, que incluía claramente o circuito do observador como co-autor do seu trabalho. Algumas récitas de poesia também proporcionaram um encontro mais intenso entre obra, artista e público.

CRÍTICA POR PAULO RAFAEL GODOI (POETA)

Aos trinta e poucos anos, selmer vem estrear seus poemas-objeto entre a gente, ele não nos vem com um livro de poemas, ele já quer trabalhar outros suportes pra poesia: seu trabalho faz fronteira com as artes plásticas. Mas sua fala é de poeta, seu intento é de poeta, seu pique é de poeta. Pensa por formas, estruturas: faz analogias. Não se apresenta como artista plástico.

A técnica é o teste de sinceridade do artista. O desejo do Selmer de avançar no campo da poesia a partir desses toques nos dirá muito da sua personalidade, nos dirá muito do seu respeito pela poesia. Pois pensar no volume máximo (sendo poeta) requer também pensar numa sintonia mais sutil, atento às sutilezas da linguagem e da vida.

CONTATOS:

E-MAIL:fe.selmer@ig.com.br
TELEFONES:(12)3209-7904/(12)8157-3810
São Jose dos campos/ SP.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Poema "in Memorian" São Luiz do Paraitinga / Foto:Alessandro Martim

Trocando e-mails com amigos apaixonados pelo Vale do Paraíba, acabei recebendo o poema "In Memorian", escrito pelo poeta de São José dos Campos, Fernando Selmer. Selmer narra em seu poema uma história triste que vimos acontecer através dos diversos meios de comunicação nos últimos dias. Das alegrias das festas de Carnaval, da Semana Santa, das cantorias na praça, dos blocos, dos casarões antigos, pouco restou do Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga, após a grande força da natureza por lá passar. Resta ao povo, saber cuidar do que sobrou, ganhar forças para se reerguer, mas acima de tudo, preservar nosso maior bem comum: o Meio Ambiente.

In memorian
Fernando Selmer - janeiro de 2010

Passarinho não parava de cantar

Até o sol amanheceu contente

De repente o sol foi embora e uma nuvem cinza tomou o seu lugar.

Uns pingos de chuva começaram a se esbarrar na gente

O pessoal começou a correr pra tudo quanto foi lugar

Parecia gato fugindo de enchente

Logo em seguida, trovões insistiam em cair sem escolher lugar.

Assustando até os mais valentes

O rio que era manso começou a se afogar

E não havia mais solo pra pisar

A enxurrada se deixou levar